O Inhotim como simulacro e implosão de sentido: a hiper-realidade assassina da arte contemporânea
Palavras-chave:
Inhotim; Simulacro; Hiper-RealidadeResumo
A presente proposta de comunicação tem como embasamento teórico inicial, o texto: “O Efeito Beaubourg”, de Jean Baudrillard (1991), e o conceito de hiper-realidade como a produção desenfreada de real e de referencial “[...] uma estratégia de real, de neo-real, e de hiper-real, que faz por todo o lado a dobragem de uma estratégia de dissuasão” (BAUDRILLARD, 1991, p. 14). No citado texto, Baudrillard critica a existência do museu de arte contemporânea, “Centro George Pompidou”, localizado no bairro de Beaubourg em Paris, classificando-o como um núcleo incinerador que absorve a energia cultural ao seu redor, devorando-a. Diante do percebido poder do magnético fetiche exercido pelo Instituto Inhotim, localizado no município de Brumadinho, Minas Gerais, o objetivo desta proposta é demonstrar o seu espaço também como hiper-real e promovedor da implosão dos sentidos. Sobre o Pompidou, Baudrillard (1991) ironiza: os seus comportamentos cool esgotam-se numa solidão artificial que faz e refaz as suas próprias bolhas. Assimilamos o espaço descolado do Inhotim, e, o adaptado comportamento de quem circula em seu interior, paradoxais à melancólica paisagem empoeirada e enlameada do município de Brumadinho. “Um antigo real, que acreditávamos seguro, verificável, racional, está agonizando. De fato, ele continha sonho [...]” (MORIN, 1986, p. 88). A discussão desse tema justifica-se, pois, pela necessidade de verificação científica que, como centro de espetáculo, o Inhotim, proporciona a magia por símbolos que não apresentam nenhuma ligação com a cultura do seu entorno. Até mesmo a vegetação exposta em seu interior compartilha de espécies artificiais originárias de outros países. Dessa maneira, o Inhotim, mostra-se como um modelo propulsor de energia em espiral que expande a sua sedução por todas as partes e gera um real sem origem nem realidade: hiper-real. Da camuflagem da atividade mineradora às denúncias de corrupção (ler a matéria do The Intercet Brasil: De grilagem a trabalho infantil: surgem novos crimes de Bernardo Paz, idealizador do Inhotim), até o rompimento da barragem, assassinam e sequelam milhares de famílias, autóctones ou não, que se rendem ao destorcido progresso de uma arte que flutua na volatilidade do mercado. Dos hipermercados da cultura: Beaubourg e Inhotim.
Referências
BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio D'Água, 1991.
LARA, Bruna de. De grilagem a trabalho infantil: surgem novos crimes de Bernardo Paz, idealizador do Inhotim. TheIntercept Brasil. 8 de jun. de 2018. Disponível em: https://theintercept.com/2018/06/08/crimes-bernardo-paz-do-inhotim/. Acesso em: 17 de nov. de 2018.
MORIN, Edgar. Para sair do século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
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